sábado, 26 de junho de 2010

Seival e a Tomada de Laguna

O Seival foi um navio de guerra da Revolução Farroupilha (1835-1845), construído pelos “farrapos”, nome pejorativo dado aos que lutaram pela independência do sul do Brasil do resto do país. Junto com o Seival, também foi construído o lanchão “Farroupilha”, de tamanho um pouco menor.  As embarcações foram construídas para a tomada de Laguna, onde se localizava um porto muito necessário aos farroupilhas, devido a impossibilidade de conquistar o porto de Rio Grande, fortemente defendido pelas forças imperiais. A 14 de Julho de 1839 os lanchões rumaram à Laguna, sob o comando geral de David Canabarro. John Griggs, um mercenário contratado pelos revoltosos, comandou o Seival, enquanto Giuseppe Garibaldi comandava o Farroupilha.
Os barcos foram transportados por terra e água, do Rio Grande Do Sul até o sul de Santa Catarina (vide a primeira imagem), puxados por bois. Ao cortarem a Lagoa dos Patos, foram perseguidos pela marinha imperial, além de, posteriormente, passarem por várias dificuldades. Era inverno, chovia e ventava muito, fazendo do chão um grande lodaçal.  Já em Santa Catarina, na região de Jaguaruna, uma tempestade fez o Farroupilha afundar. Do naufrágio salvam-se poucos farrapos, entre eles Garibaldi.
O Seival entrou em Laguna através da Lagoa de Garopaba do Sul, atravessando a Barra do Camacho, no atual municipio de Jaguaruna, e o rio Tubarão. O ataque  a Laguna, desta forma, foi realizado por trás, fato este que surpreendeu as forças imperiais, que esperavam um ataque de Garibaldi pela barra de Laguna e não pela lagoa. Contando com a ajuda da população lagunense, Garibaldi, com o Seival, toma Laguna a 22 de Julho de 1839. Em 29 do mesmo mês foi proclamada a República Juliana.
Na última batalha do Seival, ele foi encalhado e mais tarde transformado em iate mercante com o nome de Garrafão (segunda imagem). Navegou muitos anos como mercante e acabou seus dias novamente encalhado em uma praia em Laguna (terceira imagem). Em 1916, quando ia ser restaurado por historiadores italianos foi queimado. Dos restos da sua quilha, em 1945, nasceu uma figueira, que foi transplantada para o Jardim Calheiros da Graça, a praça da Matriz,  ficando conhecida como Árvore de Anita.

  Mapa - Possível Rota dos Lanchões Seival - Iate Mercante Seival Encalhado

Links das imagens originais:
Primeira imagem  - Segunda imagemTerceira imagem

Veja também:
Anita Garibaldi
Morro da Glória
O Mercado Público e as Docas

Um comentário:

  1. Sou tetraneto de Giovani Batista Orsi fiel escudeiro de Garibaldi que lutou com ele na Epopéia Farroupilha. E ajudou na construção dos barcos com outros italianos em Camaquã RS.Na ida à Laguna houve um naufrágio onde o navio Farroupilha se chocou contra o parcel de Campo Bom em Jaguaruna, em torno de 10 km da costa um cinturão de pedra submersa formando uma barreira que levanta ondas muito altas, que hoje serve como a prática do surf. Muito naufragios ali ocorreram. E nesse barco comandado por Garibaldi morreram muitos amigos seus, italianos que são citados por ele. Entretanto não está registrado o nome de Giovani B. Orsi. Em pesquisas posteriores constatamos que ele teria estado em Taquari revalidando terras, lá por 1850. Então não morrera no naufrágio.Buscamos informações sobre onde esse italiano andara posteriormente ao revalidar as terras, mas nada encontramos até o momento.

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