O Carnaval de Laguna, considerado um dos melhores do sul do país, surgiu no início do século XX. Começou com uma pessoa que saía nas ruas fantasiado de “Zé Pereira”. Ele carregava um bumbo, uma caixa de rufo e um par de pratos de metal, imitando um português que fazia o mesmo no Rio de Janeiro.
Depois disso, foram criadas duas sociedades carnavalescas: “Tenentes do Diabo” e os “Guaranis”. Além dessas, surgiram outras que logo desapareceram. Elas apresentavam belos e criativos carros alegóricos, que eram acompanhados nos desfiles pela guarda de honra e cavaleiros muito bem vestidos.
Em 1924, surgiram os “Pingos e Respingos” e os “Respingados”. Estas fizeram história pela grande rivalidade. Na mesma década também surgiram vários blocos de salão. “Pavão Branco”, “Toureiros” e “Damas Antigas” foram os mais famosos. Estes também ficaram famosos pela rivalidade: o primeiro pertencia ao Clube Blondin e o segundo, ao Congresso Lagunense. O “Bambo” também surgiu nesta época e é considerado um dos Blocos Carnavalescos mais importantes da história do carnaval lagunense.
A partir da década de 30, os blocos, além de organizados para os salões, passaram a animar as ruas da cidade, mostrando a beleza das fantasias e apresentando suas músicas. Terminada a Segunda Guerra Mundial, o carnaval de Laguna transformou-se num dos maiores eventos do sul do Brasil, com o surgimento de novos Blocos de Salão e de rua, além das Escolas de Samba, influenciadas pelo carnaval do Rio de Janeiro. Neste período veio a fase dos “Bolas”: “Bola Branca” e “Bola Preta”, os dois mais famosos Blocos de Salão de todos os tempos, disputavam o título de Melhor Bloco da Cidade, com as mais belas fantasias. O “Bola Azul” do Magalhães e o “Pingo de Prata” do Campo de Fora também eram rivais. O “Pingo de Ouro” foi outro Bloco de Salão que surgiu por aqui. A era dos Bloco de Salão acabou nos anos 70, quando acabaram o “Bola Branca” e o “Bola Preta”. Os outros blocos já haviam acabado antes.
Em 22 de fevereiro de 1946 foi fundado o primeiro grande bloco de rua de Laguna, hoje transformado em escola de samba. O “Clube Carnavalesco Xavante”, que foi criado no Centro, fixou-se no Magalhães, onde está erguida a sua sede.
No dia 17 de fevereiro de 1947, Paulo Tibúrcio dos Reis (Paulinho Baêta), Antônio dos Reis (Cacique), Agenor Pinto, Adelário Pires, Mauro Camilo, Almir dos Reis e Primitivo dos Santos fundaram o “Bloco do Brinca Quem Pode” no bairro Campo de Fora. Mais tarde, sua sede foi erguida na Roseta, atual bairro Progresso.
Xavante e Brinca Quem Pode travaram ao longo dos anos uma acirrada disputa pela hegemonia no carnaval lagunense. O Xavante, com seu estilo indígena, ficou famoso por seu batuque e lindas fantasias. Já o Brinca Quem Pode, pelos seus instrumentos de sopro, contagiava a cidade, sendo denominado “Alegria do Povo”. O Xavantes puxava o “Bola Preta” em seu desfile, já o Brinca Quem Pode puxava o “Bola Branca”.
A “Escola de Samba Bem Amado” foi fundada no Centro em 1947, sendo a principal responsável pela mudança, postura e visual das nossas escolas. Ela teve vida curta,deixando de participar por longos anos, ressurgindo na década de 90 e logo sendo desativada. Entre seus fundadores estão João Manoel Vicente, Antônio Carlos Pinho Carneiro, Enos Kriguer, Haroldo Machado Pinho e Gilberto Bulos Remor.
Em 1954 surgiu no morro a “Escola de Samba Mangueira”, sendo que de seus principais fundadores destaca-se o nome de Bentinha, que participou durante quase 10 anos. A escola já não existe mais.
No ano de 1958, surgiu a “Sociedade Recreativa e Cultural Escola de Samba Vila Isabel”, fundada por Pedrinho Gil, Adenir Vicente, Catarina e João Paulo dos Santos. Ela foi fundada no morro, com sua sede atualmente construída no Centro.
O “Grêmio Carnavalesco Os Democratas” surgiu em 1958. Entre seus fundadores está Eli Caetano da Silva. A sua sede está localizada no bairro Campo de Fora.
A “Sociedade Cultural e Recreativa Os Amigos da Onça” iniciou como entidade mirim, depois passando para entidade adulta. Seu principal fundador é João Euclides de Souza, conhecido como Seu Plínio. Em 17 de março de 1971 surgiu a “Escola de Samba Os Acadêmicos do Magalhães”, tendo entre seus fundadores Jurandir dos Santos, conhecido como Cabo Verde. Estas escolas também não existem mais.
Fundada em 18 de Julho de 1980, no bairro Progresso, o “Grêmio Recreativo e Cultural Escola de Samba Mocidade Independente” surgiu do descontentamento de alguns integrantes do “Brinca Quem Pode”, que juntaram-se a outros carnavalescos e fundaram esta escola. Seus fundadores são João de Souza Junior (Dão), Ademir Roque, Terezinha de Souza Pacheco, Demerval Batista, Ataíde Roque e José Manoel Vieira.
No dia 13 de abril de 1990 foi criado o “Grêmio Cultural e Recreativo Unidos da Esperança”, na Vila Esperança. Laureci e Adélio Marques estão entre seus fundadores. Esta escola já não existe mais.
No bairro Portinho surgiu nos anos 60 a “Escola de Samba Portela”, fundada por Domingos Pacheco Bonifácio. Esta teve vida até a década de 70. No mesmo bairro, nos anos 80, surgiu a “Escola de Samba Roseclair”,que pouco durou.
Atualmente, a grande sensação é o “Bloco da Pracinha”, que começou nos anos 70, como bloco de sujos, formado por familiares e amigos que se reuniram na Praça Souza França, no bairro Magalhães, nas tardes de domingo de carnaval, para se divertir. O bloco foi crescendo e a partir da década de 90 veio o grande “estouro”. Hoje, o “Bloco da Pracinha” atrai mais de 250 mil pessoas (dados de 2009), saindo com um trio elétrico da “pracinha” até o fim da praia do Mar Grosso, com foliões fantasiados ou não. Além deste, na sexta tem o “Bloco Babalaô”, que abre o carnaval de Laguna e funciona até segunda, no sábado acontece o “Bloko Rosa” e, na segunda, o “Bloco Pangaré Elétrico”.
Os bailes de salão nos clubes sociais, até o inicio dos anos 80, eram a grande “pedida” para as noites de carnaval. De lá pra cá, os bailes passaram a acontecer também nas ruas. A prefeitura passou a contratar carros de som ou trios elétricos para animar a festa no Jardim Calheiros da Graça, no bairro Centro. Dessa forma os salões foram esvaziando, chegando ao ponto dos clubes não realizarem mais os famosos bailes de carnaval.
A partir de 1995, a concentração passou a ser maior na praia do Mar Grosso, com a contratação de trios elétricos e bandas, esvaziando, também, o carnaval do Centro. O motivo alegado foi a grande “invasão” de pessoas de todas as partes do Brasil e até do exterior sendo que o Centro tombado não comportava tanta gente. Hoje, temos dois carnavais distintos: o do Mar Grosso, com os blocos e trios elétricos, e o de escolas de samba, com pré-carnaval no centro (ensaio das escolas ao ar livre e aberto ao público) e desfile no sambódromo, inaugurado em 2007, na estrada de acesso ao Laguna Internacional via Centro.